quarta-feira, julho 20, 2011

o silêncio


Um,
Dois,
Três cigarros.
Ela pensa, e não fala nada.
Acredita que escrevendo conseguirá aliviar tanto peso dentro de si.
É pura ilusão.
Quando a gente se expressa verbalmente a gente se escuta. Escutar é uma terapia.
Então quando a gente fica só no plano observatório e auditivo a gente chega em um ponto quase abismo.
As palavras existem e, de alguma forma, não saem.
São besteiras do cotidiano, conselhos, vocábulos sem nexo algum.
Ás vezes são coisas mais sérias que deixam de ser ditas.
Acúmulo de sintagmas.
Acúmulo de idéias.
Acúmulo de revoltas.
Dia após dia a gente finge que esquece e deixa de dizer novas coisas.
De fato algumas vezes o silêncio diz muito.
Muito diz.
Muito se sente...
Até que em um certo ponto há tanto peso dentro de nós que, se não usamos de nossas vozes, a gente explode...

Explode mesmo e fica sem falar aquele monte de coisas que teriam sido melhor se tivessem sido ditas...

É, de fato...




segunda-feira, julho 18, 2011

explicação não explicada.


Ela me olha de uma maneira como quem diz "Eu estou te lendo".
E sinto que, literalmente, ela me lê.
Ela me descobre, me desvenda, me sente e tem o poder de interpretar tantas coisas as quais eu nem pistas dei pra que fossem interpretadas.
Ela me toca da maneira que eu vejo transbordar os sentimentos pelos poros das mãos que ela deixa perto de mim.
Ela chora e as lágrimas carregam um peso ao qual só ela pode explicar.
Ela sente, sente cargas que vêm de outros dias, de outras vidas vividas com a vida dela.
Ela fala. Ela se contempla de palavras as quais a deixa mais confortável. Ela fala, ela tenta, ela sorri.
O sorriso me leva ainda pra mais perto do carinho que ela me dá.
Daí ela me tem. Ela me tem da maneira que eu me dou a ela. E eu, de fato, me doei a ela.
Ela me abraça.
Ela se enrosca em mim.
Ela pega a minha mão e solta, não querendo soltar...
Ela me beija. Beija meu rosto, minha boca, minha pele.
Ela me sente.
Ela escreve e, através das letras, tenta exteriorizar um pouco do que fica, de certa maneira, presa dentro da mente.
Ela me espia e sorri, mais uma vez.
Então ela me inspira.
Ela fica muda. Entra na sua própria mente e é o momento dela.
Nessa hora eu a espio. Eu conforto sem palavras.
Então eu escrevo, ilusoriamente, como se isso fosse suficiente para uma explicação ou uma forma de descarregar e compartilhar um amor de verdade.
Eu descubro que isso não existe. Que é assim, simples e impossível.
Mas eu desejo o mesmo pra tod@s...
Eu desejo ela.
Eu amo, com o sentido mais puro do amar.





Amar de amor...