sexta-feira, agosto 19, 2011

Foi-se

Ouvia-se sempre as mesmas músicas.
Começava a perder o controle.
Misturava-se com os diversos tipos de pessoas dessa massa social em decadência.
Sentia-se um tanto decadente, fora todo o amor.
Amor, amor, amor.

Ouvia, então, música clássica, música, música, instrumentos, vozes, músicas.
Escrevendo, sentindo, pensando, raciocinando, errando, cometendo e cansando-se do mesmo.
Do igual, das mesmas histórias com personagens diferentes e tão semelhantes.
Do vai e vem.
E então foi, e nunca mais veio...



quinta-feira, agosto 11, 2011

nunca mais

A menina sorriu. Os olhos permaneciam tristes, longe, hipnotizados.
Toda a postura de menina foi posta de lado naquela manhã. Fazia um frio que congelava as entranhas de qualquer um que na rua estivesse.
Ela desceu do carro. Deixou os vidros entreabertos e as portas destrancadas. Começou a caminhar. As ruas permaneciam silenciosas, só ouvia-se os passos de seus tamancos e as folhas secas levadas pelo vento forte.
Perdidamente cega.
O refluxo de idéias. Teorias não postas à prática.
Prática não tem nada a ver com praticidade, pensava ela. Gritou, chorou, atirou-se no chão.
Em posição de milhões de contrações, após o gozo, parecia nascer novamente.
Deu volta, entrou no carro e seguiu até a estrada.
Em questão de pouco tempo e grande velocidade, apagou. Morrera ali.
Nunca mais ouviram falar daquela mulher por fora, menina por dentro.

quinta-feira, agosto 04, 2011

Apenas aplausos

E depois de segundos de aplausos ela acordou, com o suor frio e o corpo estremecido.


Fazia frio lá longe. Naquele ambiente do seu inconsciente onde uma saída não havia.
Correu, sem olhar para trás. Sabia que ainda estava sendo perseguida por todo aquele barulho, borbulho, gritos e passos.
A cada passo uma pressão maior em seu corpo.
Em cada grito, menos entendimentos a seus ouvidos.
A cada borbulho... Em cada barulho. O desespero.
Sombras pálidas e escuras. Sombras quentes e congeladas. Sombras que assombram. Sombras que perseguem. Assustam. Machucam. Aliviam.
Ela andou, a respiração já no estado ofegante. Havia um banco. Madeira velha. Quase podre. "Senta-te", a voz gritava em sua volta.
Sentou. Deitou. Adormeceu.
Despertou e estava lá. De pé. Naquele teatro que por vezes parecia abandonado.
As cortinas se abriram, a luz cegou suas pupilas.
Tod@s, de pé, a aplaudiram.

Acordou. Suando e um pouco estremecida.