quarta-feira, outubro 12, 2011

mu(dança)

Esvazia-se a casa,
mudam-se as cores.
Tudo permanecerá, sempre, fora do lugar.
Não há exatidão,
não vemos uma conclusão.
Simplesmente ocorre um fechamento do momento e, quando percebemos, não estamos mais no mesmo espaço; não temos mais a mesma voz; não andamos pela mesma estrada; tudo muda de lugar, as cores não serão, nunca, as mesmas que eram ontem.
A dança muda o ritmo.
A música aproxima-se da narração de um sujeito que não possui mais conhecimento algum sobre o que é, onde está, porquê permanecer.
Andar, dançar, buscar, escolher. Há um limite.
Tudo anda tão limitado, não é mesmo?

sexta-feira, agosto 19, 2011

Foi-se

Ouvia-se sempre as mesmas músicas.
Começava a perder o controle.
Misturava-se com os diversos tipos de pessoas dessa massa social em decadência.
Sentia-se um tanto decadente, fora todo o amor.
Amor, amor, amor.

Ouvia, então, música clássica, música, música, instrumentos, vozes, músicas.
Escrevendo, sentindo, pensando, raciocinando, errando, cometendo e cansando-se do mesmo.
Do igual, das mesmas histórias com personagens diferentes e tão semelhantes.
Do vai e vem.
E então foi, e nunca mais veio...



quinta-feira, agosto 11, 2011

nunca mais

A menina sorriu. Os olhos permaneciam tristes, longe, hipnotizados.
Toda a postura de menina foi posta de lado naquela manhã. Fazia um frio que congelava as entranhas de qualquer um que na rua estivesse.
Ela desceu do carro. Deixou os vidros entreabertos e as portas destrancadas. Começou a caminhar. As ruas permaneciam silenciosas, só ouvia-se os passos de seus tamancos e as folhas secas levadas pelo vento forte.
Perdidamente cega.
O refluxo de idéias. Teorias não postas à prática.
Prática não tem nada a ver com praticidade, pensava ela. Gritou, chorou, atirou-se no chão.
Em posição de milhões de contrações, após o gozo, parecia nascer novamente.
Deu volta, entrou no carro e seguiu até a estrada.
Em questão de pouco tempo e grande velocidade, apagou. Morrera ali.
Nunca mais ouviram falar daquela mulher por fora, menina por dentro.

quinta-feira, agosto 04, 2011

Apenas aplausos

E depois de segundos de aplausos ela acordou, com o suor frio e o corpo estremecido.


Fazia frio lá longe. Naquele ambiente do seu inconsciente onde uma saída não havia.
Correu, sem olhar para trás. Sabia que ainda estava sendo perseguida por todo aquele barulho, borbulho, gritos e passos.
A cada passo uma pressão maior em seu corpo.
Em cada grito, menos entendimentos a seus ouvidos.
A cada borbulho... Em cada barulho. O desespero.
Sombras pálidas e escuras. Sombras quentes e congeladas. Sombras que assombram. Sombras que perseguem. Assustam. Machucam. Aliviam.
Ela andou, a respiração já no estado ofegante. Havia um banco. Madeira velha. Quase podre. "Senta-te", a voz gritava em sua volta.
Sentou. Deitou. Adormeceu.
Despertou e estava lá. De pé. Naquele teatro que por vezes parecia abandonado.
As cortinas se abriram, a luz cegou suas pupilas.
Tod@s, de pé, a aplaudiram.

Acordou. Suando e um pouco estremecida.

quarta-feira, julho 20, 2011

o silêncio


Um,
Dois,
Três cigarros.
Ela pensa, e não fala nada.
Acredita que escrevendo conseguirá aliviar tanto peso dentro de si.
É pura ilusão.
Quando a gente se expressa verbalmente a gente se escuta. Escutar é uma terapia.
Então quando a gente fica só no plano observatório e auditivo a gente chega em um ponto quase abismo.
As palavras existem e, de alguma forma, não saem.
São besteiras do cotidiano, conselhos, vocábulos sem nexo algum.
Ás vezes são coisas mais sérias que deixam de ser ditas.
Acúmulo de sintagmas.
Acúmulo de idéias.
Acúmulo de revoltas.
Dia após dia a gente finge que esquece e deixa de dizer novas coisas.
De fato algumas vezes o silêncio diz muito.
Muito diz.
Muito se sente...
Até que em um certo ponto há tanto peso dentro de nós que, se não usamos de nossas vozes, a gente explode...

Explode mesmo e fica sem falar aquele monte de coisas que teriam sido melhor se tivessem sido ditas...

É, de fato...




segunda-feira, julho 18, 2011

explicação não explicada.


Ela me olha de uma maneira como quem diz "Eu estou te lendo".
E sinto que, literalmente, ela me lê.
Ela me descobre, me desvenda, me sente e tem o poder de interpretar tantas coisas as quais eu nem pistas dei pra que fossem interpretadas.
Ela me toca da maneira que eu vejo transbordar os sentimentos pelos poros das mãos que ela deixa perto de mim.
Ela chora e as lágrimas carregam um peso ao qual só ela pode explicar.
Ela sente, sente cargas que vêm de outros dias, de outras vidas vividas com a vida dela.
Ela fala. Ela se contempla de palavras as quais a deixa mais confortável. Ela fala, ela tenta, ela sorri.
O sorriso me leva ainda pra mais perto do carinho que ela me dá.
Daí ela me tem. Ela me tem da maneira que eu me dou a ela. E eu, de fato, me doei a ela.
Ela me abraça.
Ela se enrosca em mim.
Ela pega a minha mão e solta, não querendo soltar...
Ela me beija. Beija meu rosto, minha boca, minha pele.
Ela me sente.
Ela escreve e, através das letras, tenta exteriorizar um pouco do que fica, de certa maneira, presa dentro da mente.
Ela me espia e sorri, mais uma vez.
Então ela me inspira.
Ela fica muda. Entra na sua própria mente e é o momento dela.
Nessa hora eu a espio. Eu conforto sem palavras.
Então eu escrevo, ilusoriamente, como se isso fosse suficiente para uma explicação ou uma forma de descarregar e compartilhar um amor de verdade.
Eu descubro que isso não existe. Que é assim, simples e impossível.
Mas eu desejo o mesmo pra tod@s...
Eu desejo ela.
Eu amo, com o sentido mais puro do amar.





Amar de amor...

segunda-feira, junho 20, 2011

Abismo

Começou com uma brisa leve e fria.
Sentada no banco daquela montanha, de papel em papel, (d)escrevendo sensações,
Ela via a cidade pequenina lá em baixo.
Uma correria, um caos, uma organização sem sentido.
Fechou os olhos, levantou-se, deu três passos a frente e saiu voando.
Por um instante sentiu que estava caindo. A mente apagou. Tudo ficou pálido.
Chegou ao chão, um pouco amedrontada, levantou-se uma segunda vez, e saiu caminhando em direção às ruas...
- Morrer é como entrar em estado inconsciente. Pode ser bem prazeroso. Mas pode ser irreconhecível.

sábado, junho 04, 2011

Encontro

Tem tudo isso:
o tempo,
a estrada,
a viagem;

permance tudo isso:
a vontade,
a saudade,
o tesão,
a não explicação;

eu tento tudo isso:
a liberdade,
a sabedoria,
a vontade,
a mão;

A mão me toca.
A mão me sente.
As mãos me seguram,
elas me desprendem.

Pra que procurar a razão,
quando me sirvo da evasão?
Saio de mim.
A fuga do corpo para o encontro do teu...

Me sinto fora de tudo,
longe de tod@s.
Te procuro e, enfim, me encontro...

sexta-feira, maio 27, 2011

...

Estava tudo meramente ali.
Em seu total mínimo aqui.
Um olhar, dois olhares, um, dois.
Sem percepções, sem dialogismos, sem dígitos.
Eu ouvia o gosto, enxergava o tato, degustava o toque.

Pirei, emocionei;
Cá estou sem saber onde.
Lá eu vou sem entender como.

Mas eu estou. Agora. Aqui.

sábado, maio 21, 2011

ecnoacia

Tem o gosto amargo.
Não é café nem chocolate,
Não penso que seja algo lícito.
A sensação era de amargura sem frescura, entende?

Nem café, nem chocolate.

Era ecnoacia.
Eu fui apresentada a Ela e tudo se desconstruiu a minha volta.
Fiquei
demoralizada
fatigada
pequenina.

Mas eu sentia a antípoda

com moral
energética
e tão grande.

Ecnoacia pode deixar as pessoas assim, sabe?
Depende de quem vê, de quem sente. Você?

Meninas e meninos. Adult@s, tod@s junt@s.

Eu não quero. Já passou.
Agora eu quero só prazer. Amor com café e chocolate mesmo.
E um cigarro depois.


...

terça-feira, maio 10, 2011

Verbalizar

Servi.
Engoli.
Queimei.

Enlouqueci.
Senti saudades.
Questionei.


Eu quero.
Depois me apego.
Depois me entrego.
Jogo fora.

Só quero ela,
amar intenso,
me doar com tudo...
Sentir profundo.

E a puta merda do que vem depois,
não me satisfaz,
não me preocupa
.

Só quero ela,
amar intenso,
me doar com tudo...
Sentir profundo.

terça-feira, maio 03, 2011

Spread and AlivE

Sabe... eu senti frio.
Olhei pela janela e pude ver o ar seco. Sim, eu o vi.
Abri a porta de casa e meu pulmão se encheu dessa sensação de estar congelada internamente.
Pude sentir meu coração em suas sístoles e diástoles levando cubinhos de sangue para o resto do meu cárcere.
Movi meus roxos lábios e gritei o nome dela. Gritei tão alto que senti uma pressão dentro de mim como se eu houvesse quebrados partes minhas já congeladas.
Gritei mais uma vez.
Caí no chão.
Não havia maneira de movimentação.
Eu estava alí. Jogada na grama verde, sem consegir falar, sem conseguir enxergar.
As horas passaram, o sol apareceu e eu senti cada pedaço do meu eu derreter-se.
Todo o fluxo do meu corpo se espalhou ao longo das ruas e eu, enfim, pude sentir novamente.
Senti tanto que gostei da ideia de estar viva mais uma vez...

segunda-feira, maio 02, 2011

torturas secas

A cada gota do seco vinho
Me tortura não ver
Não tocar
Não ir

Em cada música que ouço
Me tortura não cantar
Não expressar
Não gritar

Em cada pele que senti
Me tortura não agir
Não pegar
Não manter

Para cada palavra que falei
Me tortura não repetir
Não refletir
Não engasgar

A cada tortura que passei
Me vejo aqui
Me esforço ali
E vou praí.

sábado, abril 30, 2011

lágrima

No rosto fica estampada a vontade de se expandir.
Nos olhos aquele brilho de quem está ali, e somente ali.
Nas mãos a vontade de segurar.
Nos braços o desejo de abraçar e não largar.
Nos pés o direito de ir lá, e estar somente lá.
Na mente, mil coisas, mil afetos, mil explosões.
Na boca doces palavras que foram ditas e as que não deu tempo pra falar.
No ouvido susurros de despedida.


Meu corpo tremeu.
Sentiu.
Implorou.
Gozou de cada dia, cada momento...

E no fim, uma lágrima apareceu. Tão forte e cheia de razões, ela escorreu pelo meu rosto e eu pude sentir.. Eu amei.

sexta-feira, abril 29, 2011

sentir

Não tenho certeza do que vou relatar. Não sou certa das coisas que passei em uma noite. Mas da dúvida que era, passou a ser loucura tudo que sinto, vejo, toco, observo, escuto...
Adeus, Amim, Ati, Aquemfor... Não me interessa. Eu sei que eu senti.
Eu senti bem forte que me causou espanto e surpresas.
Uns olhos que me passam harmonia, sincronicidade, e Humildade.
Uma mão que antes eu nunca havia olhado, apenas enchergado.
Falando em olhar, como é bom fixar-se em algo e olhar de uma maneira que a gente ve até coisas que não esperava que pudessem estar ali.
Eu talvez não saiba exatamente o que, ou porque estou escrevendo, mas as palavras apenas aparecem e imploram para que não fiquem presas dentro de mim.
Sou um tanto "escrava" do discurso...
Eu só posso dizer que sou grata por ter sentido.
Por ter olhado profundamente.
Por ter ouvido a vóz.
Por ter tido a oportunidade de falar o que eu necessiatava desprender de mim.
Como escreveu Manoel de Barros, a gente tem mais é que saber como desaprender. Desaprender a ser infeliz;
Desaprender a mentir;
Desaprender a ser fechado demais;
Desaprender a nao amar;
Aprender que as palavras são fontes essencias para a expressao e, que sem expressar-se, o homem nao se constitui...
Eu amei. eu quero mais, eu aspiro por tudo navamente...

AGRADECIDA!!!!!!!

terça-feira, abril 26, 2011

evasão

Não foram dias e noites típicas do meu dia-a-dia.
Eu estava lá, me sentia aqui, observava ali e sentia acolá. Foi raro, intenso, contraditório e lúcido ao mesmo tempo.
Momentos imagináveis e ao mesmo tempo intocáveis. Eu não me via mais no meu mundo. Naquele meu horizonte que estava sempre o mesmo. Eu realmente não via nada, só o preto do escuro e a sombra do corpo.
Eu saí do meu corpo e voltei diversas vezes por diferentes motivos. Ñão por alguma culpa, mas porque eu expandi minha mente de maneira que eu não tinha nem percepções do desenrolar dos minutos.
Surpreendi e fui surpreendida. Foram poucos dias, momentos inacabáveis, segundo infinitos. E eu ainda não entendia bem o que estava acontecendo ali, ao meu lado.
Foi como uma mão que me acariciava levemente e com tanta força. Uma força que me deixava cada vez mais fora de mim. Tão forte e tão leve como uma pluma.
Eu não pensava mais. Foi uma das raras vezes que eu esvaziei a minha mente e me dediquei a um momento, dois ou três.
Eu sabia que eu estava ali. Ali permaneceria, afinal, enquanto não durmo, o ilusório tempo não passa.. ou passa despercebido.
Eu me sinto um pouco out of my daily life. E não é que encontrei um pedaço de mim que estava perdido por aí. Quando menos esperei eu recuperei esse pedaço que fazia, sem eu saber, uma grande falta!
Grata eu me sinto.
Agora é estranho. Eu simplesmente estou no mesmo lugar de muitas tardes, convencida de que tudo é fluxo de consciência e que não há necessidade de interpretações. E eu amo não ter essa responsabilidade e pressão sobre interpretações e busca de respostas que não existem ou que não fariam a menor diferença se existissem.
Eu senti. Senti forte e senti muito...
Me achei, encontrei e desconstruí ideias e ideais que antes pareciam fazer o maior sentido.
Como se tudo tivesse que ter algum mero sentido na vida. As vezes a vida é tão sem sentido e assim mesmo tão frutífera.
Tem que saber colher. Tem que saber (es)colher.

Ainda sinto que há muitas coisas pra saírem... quem sabe daqui a pouco...

segunda-feira, abril 11, 2011

Me encanto, no canto


Me encanto no canto.
No canto da sala.
No canto da casa,
no canto da boca,
no canto da moça
que canta no embalo
do canto dos pássaros.

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Sécso/Sékiso/Sexo

É apenas ócio?
É prazer sem amor.
Amor sem prazer.
Ambos juntos?

Seria uma revelação? Mas de que nível?
Seria uma entrega?
Uma brincadeira de cabra-cega?
Apenas a arte da sedução?

Façamos senhores e senhoras,
o sexo (in)completo
o amor sem temer o julgamento.
Gozemos da vida assim como no ato das tantas contrações.

Sintamos calafrios
Apertemos nossos corpos
Deixemos que nossos instintos animais guiem-nos.
Apenas em alguns momentos. Em alguns lugares. Em alguns sonhos.


Seduzamos nossas parceiras
nossos parceiros
os conhecidos e os estranhos.
Sejamos o condutor dessa dança
Sejamos conduzidos
Sem arrependimentos.

Durmamos
junt@s
Acordemos sem entender
Olhemos para o lado e apenas questionemos...
Foi bom pra você?